2006/07/06

Novo livro de Matilde Rosa Araújo

Continuo a citar o Diário de Notícias:"[...]Com mais de 40 livros para crianças e adultos, Matilde Rosa Araújo confessa não saber, exactamente, que proveitos tem tido pelos direitos de autor do que tem publicado. "Não tenho ido à Sociedade de Autores. Como preciso de companhia para sair, aproveito para outras coisas mais imediatas."
Hoje sai, simbolicamente, o último livro, onde a autora retrata o nosso Portugal para os pequeninos, um País "onde a solidão e a iliteracia grassam". Matilde Rosa Araújo considera que elas [as crianças] "precisam de saber". Acha que elas "entendem". "Entendem muita coisa e são muito sensíveis,"
Com uma vida que passa por Viana do Castelo, onde vai de férias, Cascais, onde fica uns meses por ano, e Lisboa, onde vive, Matilde Rosa Araújo sente-se "iluminada" quando é convidada para ir às escolas ou a bibliotecas. "Parece que venho outra por dentro. E como se acendesse um farol."
Voltar às escolas significa regressar ao passado, aos seus tempos de professora que lhe deram a conhecer o País. "Andei por todo o lado, nem tinha canto para escrever. Cheguei a escrever nos comboios, no café... com muito barulho, era gente que me envolvia. Mas sou como os pássaros, volto sempre ao mesmo ninho."
Os outros são muito na sua vida. "Costumo dizer que tenho uma grande fome de vida, de estar com os outros. Devo muito aos encontros que tive. Os amigos não têm preço. E já perdi tantos... é como ter um xaile cheio de buracos e começar a sentir o frio."
Ri-se quando lhe falamos na sua classificação como "mãe" da Literatura Infantil, ao lado de Aquilino Ribeiro, o "pai", com o seu Romance da Raposa. "Está bem, aceito, mas só porque fico ao lado do Aquilino, um bom companheiro."
Quis ser jornalista por ler muito em jornais, em sua casa, diz, "não havia muitos livros". Chegou a fazer uma tese de licenciatura, mas depois, sobretudo a escrita para crianças, foi mais forte. "Antigamente as crianças não tinham voz e por isso não havia literatura infantil. Os seus direitos foram reconhecidos tardiamente." A escrita para adultos, que também pratica, frisa, "tem lá inserida a infância, porque somos sempre a criança. Temos sempre a criança, mesmo quando adultos".
A escritora que escreve "porque não podia deixar de o fazer" sente-se hoje uma mulher "com alegrias, deslumbramentos e lágrimas escondidas". Como "uma prenda que nos fica da vida".
Não acredita em Deus. "Gostava de acreditar", revela, "mas a consciência não me acusa de alguma vez ter sido indigna da vida"."

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