2008/01/26

"Público": "Portugueses estão a comprar mais livros escolares e literários"

"[...] Mas, apesar de preliminares, estes são os primeiros dados oficiais recolhidos em Portugal sobre este sector desde 1998. Para ajudar a perceber o peso que o negócio dos livros tem na economia, o estudo revela que em 2005 se atingiu um volume de negócios de 381 milhões de euros (0,5 por cento do total da actividade económica, uma percentagem que corresponde à média europeia). Um outro estudo, elaborado pela consultora espanhola DBK e apresentado no ano passado, dava números mais recentes: 530 milhões de euros de volume de negócios em 2006.
Um dos dados que chamam a atenção no estudo do OAC é o aumento do valor das vendas dos livros escolares e literatura entre 2000 e 2005. Se, em 2000, o valor das vendas de livros escolares era de 67 milhões de euros, em 2005 ele saltou para 91 milhões - e isto apesar de uma descida no preço médio dos livros vendidos, o que significa que se venderam realmente mais livros. O mesmo acontece com a literatura, que passa de 54 milhões em 2000 para 80 milhões em 2005, com o preço médio dos livros a manter-se sem grande alteração.
Exportações para África
Interessantes são também os números relativos às importações e exportações de livros. A grande maioria dos livros importados por Portugal vem da União Europeia (50 milhões de euros em 2005). Por outro lado, o principal destino de exportação dos livros produzidos em Portugal são os países africanos de expressão portuguesa (um total de vendas perto de 19 milhões de euros, em 2005, o que representa uma subida bastante significativa se compararmos com 2000, ou mesmo 2004, em torno dos oito milhões).
"Existe a ideia de que os países africanos de expressão portuguesa são um potencial inexplorado", afirma José Soares Neves, baseando-se nas entrevistas feitas a pessoas ligadas ao sector do livro neste primeira fase do inquérito.
Quanto ao Brasil, a percepção é a de que "existe também um potencial, mas mais distante". As exportações só de livros portugueses para o mercado brasileiro sofreram uma quebra entre 2000 (3,5 milhões de euros) e 2005 (dois milhões).
Mas se os editores pensam no potencial da lusofonia, apostam também num crescimento do mercado interno. "A dimensão deste é vista como um constrangimento", explica Soares Neves, mas há a percepção de que, apesar disso, tem potencial para crescer, sobretudo pelo desenvolvimento dos hábitos de leitura. "Best-sellers a vender 400 mil ou 500 mil exemplares era algo impensável há uns anos atrás."

Entrada de capital financeiro é positiva

A entrada de capital financeiro no sector da edição é vista como um aspecto positivo pelos profissionais ligados ao livro entrevistados para o estudo do Observatório das Actividades Culturais. Esta entrada aparece ligada à ideia de uma gestão mais moderna e profissional. Há, contudo, quem receie que os actuais movimentos de aquisições e fusões possam prejudicar as pequenas editoras. Mas os mais optimistas acreditam que estas até podem beneficiar se souberem explorar nichos de mercado e apresentar ofertas alternativas.
Outro facto positivo destacado é o da crescente importância da venda de direitos de autor, que, segundo José Soares Neves, responsável pelo estudo, não representa um valor económico muito significativo, mas é importante em termos simbólicos porque significa que há mais autores portugueses a serem traduzidos para outras línguas. A projecção internacional dos autores portugueses é, aliás, também referida nas entrevistas.
Depois há, claro, aspectos negativos. A falta de conhecimento e formação profissional de algumas pessoas que trabalham na rede livreira é um deles e justifica-se em parte por uma excessiva rotação do pessoal. O crescimento das grandes cadeias e grandes superfícies é, por outro lado, apontado como uma das razões da debilidade da rede livreira tradicional.
Os responsáveis do sector mostram-se também preocupados com a fragilidade financeira dos editores de pequena e média dimensão, e com a dificuldade das pequenas editoras especializadas em determinados géneros - poesia, por exemplo - encontrarem pontos de venda. E este é um problema que se prende com o que alguns consideram ser a primazia conferida ao livro de alta rotação.
O facto de o mercado interno ser pequeno é visto, obviamente, como um problema, ao qual se soma a dificuldade de acesso ao mercado externo. No entanto, há quem acredite que a solução é precisamente a internacionalização do sector, enquanto outros vêem esta internacionalização como uma fuga para a frente sem estrutura de sustento, ou seja, sem mercados externos em que a oferta das editoras portuguesas possa vingar.
Os defensores da internacionalização olham com expectativa para as potencialidades do mercado lusófono, em particular para os países africanos de expressão portuguesa, mas queixam-se do défice de actuação por parte do Estado no apoio à internacionalização da actividade editorial, lamentando em particular a descontinuidade nas políticas e a falta de objectivos precisos. A.P.C.

2007/10/24

Ainda I Conferência PNL... no "Jornal de Notícias" II

"[...] Escalonado pelos três ciclos do ensino básico mais o secundário, o estudo mostra que a maioria das crianças portuguesas (72%) têm uma predisposição para a leitura, mas isso não significa que leiam habitualmente.
Provado que está que se lê em casa, no quarto, na posição em que mais se gosta e sozinho, é importante que haja livros à mão desde cedo. Até porque, à medida que crescem, as crianças preferem actividades exteriores ou brincar no recreio.
A maioria dos 23.844 miúdos inquiridos - de mais de 200 escolas - que afirmaram gostar de ler realçam que lhes falta tempo. Porque dão prioridade à consola, ao computador, à televisão (97%), a ouvir música ou fazer desporto.
Quando questionados sobre o que levariam para um local ermo durante 15 dias, onde estivessem isolados dos amigos, o telemóvel surge à cabeça, seguido do computador, do leitor de CD e do leitor de MP3. Só depois surgem os livros e revistas - e uma bola.
A verdade é que seis em cada dez crianças até aos 10 anos conhecem os contos infantis pelos filmes; uma em cada dez tomou conhecimento de histórias através de canções. No 2.º ciclo, 90% das crianças admitem que gosta de ler - mesmo com a ressalva de que a resposta pode estar deturpada por parecer bem afirmar que se gosta de ler.
Entre estes amantes da leitura, dos dez aos 12 anos, a troca de livros nos aniversários, escrever no jornal da escola e participar no grupo de teatro, são práticas comuns. Não têm o hábito de emprestar livros, mas 57% costumam conversar sobre livros que os pais ou imãos já leram.

O tempo das diversões

O problema surge no 3.º ciclo em que 49% admitem que lêem de vez em quando e só 3% se assume viciado em leitura. É aqui que as diferenças de género mais se acentuam as raparigas lêem mais e durante mais horas por dia. Em contrapartida, três em cada 10 rapazes não lêem mais nada para lá dos manuais escolares.
Dos alunos do 3.º ciclo, 57% não estavam a ler nenhum livro no momento do inquérito, 18% não tinha ido uma única vez à biblioteca e mais de metade frequentaram o local para preparar trabalhos escolares ou usar a internet.
Passado o cabo da tormentas da adolescência - Alexandre Castro Caldas referiu que a explicação está na testosterona que faz os rapazes preferirem a banda desenhada e só mais tarde, os livros - 6% de raparigas e 3% de rapazes admite o vício da leitura que é associado à aprendizagem e à imaginação, e justificado pela diversão e o conhecimento de coisas novas.
Os que detestam ler, falam em tédio, esforço, inutilidade, dever e fuga. A maioria destes jovens vive em lares onde predominam livros técnicos e não gostam de ler porque, dizem, "é aborrecido, nenhum livro lhes agrada, leva muito tempo, provoca dores de cabeça e vista cansada". Contudo, lêem blogues com frequência, o que leva os peritos a aconselharem a cultura do blogue como forma de desenvolver, também, a expressão escrita. Ao Estado os autores do estudo apelaram para que sejam criados incentivos à leitura na família.

Jornais subiram em 20% o número de leitores

Em relação a 1997, os leitores de jornais cresceram 20%, 91% são homens e 76% mulheres. Tem entre 25 e 54 anos um grau de escolaridade mais baixo. Os leitores de livros são agora mais 7%, sobretudo feminino (64%) face aos 49% de público masculino. Há mais 9% de pessoas que lêem.

Leitor português não é jovem nem estudante

O leitor português tem, na sua maioria, entre 35 a 54 anos, é trabalhador na categoria de empregado executante, e tem até ao 2º ciclo do básico ou o ensino secundário.

Autores portugueses entre os preferidos

Dos 2552 inquiridos, 48% disse ser nacional o autor do livro que lhe fez despertar o gosto pela leitura. Os livros infantis e juvenis representam a maior fatia (49,6%) à frente dos romances (18,1%), dos livros escolares (7,5%) e da Banda Desenhada (6,4%).

Livros lêem-se em casa e os jornais nos cafés

Os livros lêem-se em casa (96%), tal como os jornais (61%) que também são lidos nos cafés e restaurantes (62%) ou no local de trabalho (23%).

Portugueses não gostam de frequentar bibliotecas

Foram 47,2% os inquiridos que disseram não gostar de ir a bibliotecas e 21,7% indicou outros motivos, como falta de tempo e não precisar."


"Metade não comprou um livro no último ano

Mais de metade (51,4%) dos 2.552 inquiridos do estudo "A leitura em Portugal", que foi ontem apresentado, não comprou um livro, sem ser profissional ou escolar, no último ano; 32% referem ter adquirido no máximo cinco.
Quanto aos géneros mais lidos, 81,5% dizem ter enciclopédias e dicionários em casa, seguidos de livros escolares, de culinária e bricolage, na ordem dos 60%. Depois surgem os romances de amor, de grandes autores contemporâneos e banda desenhada, com 50%.
Quanto a outras actividades de lazer, 98% prefere ver televisão, 71% ouve rádio diariamente, mas 65% diz nunca se ter divertido com jogos electrónicos.
Abissal é a diferença entre os 31% que diariamente utilizam a Internet e os 57% que nunca a usam, nem sequer para jogar. Os que a procuram, em 86% dos casos é para ler jornais. Estes são o suporte papel mais lido, com preferência para os diários generalistas (67%). Nos jornais, os problemas de ordem social são a temática mais lida (69%), seguindo-se os textos de desporto e as crónicas.
Nos gostos musicais, a música ligeira está na dianteira com 63%, sendo de assinalar, em relação a 1997, o salto de 1% para 43% na audição de música brasileira.
Na ida a espectáculos, os resultados são desastrosos 81,9% nunca foram a um concerto de música erudita; 72, 7% nunca viram uma performance de dança; 64,5% nunca foram ao teatro; 59,7% nunca foram a um museu; e 59,7% nunca visitaram monumentos ou locais arqueológicos. Nos restantes dados, 80% não faz qualquer actividade: desportiva, artística, musical, escrita, cinema ou simplesmente ter um blogue na internet."

2007/10/23

Ainda I Conferência PNL... no "Jornal de Notícias"

"[...] Nas secundárias só falta intervir em 20 escolas e nos 2º e 3º ciclos em 130. A reorganização da rede do 1º ciclo não permitiu à ministra precisão no número. No entanto, frisou que um dos requisitos dos novos centros escolares é a obrigatoriedade de bibliotecas. Horas depois, o primeiro-ministro confirmaria a estratégia até ao fim do ano lectivo, todas as escolas estarão integradas na rede de bibliotecas.
Os fundos (cinco milhões de euros) "não são problema", retorquiu aos jornalistas. O que preocupa Lurdes Rodrigues é "a organização do trabalho e a criação das dinâmicas certas para estimular o gosto pela leitura". Depois, referiu, a duplicação do investimento "envolve sobretudo as autarquias", responsáveis, nomeadamente, pelas infra-estruturas do 1º ciclo.
Há dez anos quando foi lançado o projecto de reestruturação das bibliotecas escolares existiam 160 no país. Hoje são quase 1900. Espaços, sublinhou ontem, que se destacam pela sua qualidade dos estabelecimentos."


"Primeiro ler textos curtos, depois obras

Os alunos do 2º ano deveriam ler textos curtos de 70 a 120 palavras. Narrativas, poemas ou instruções sobre o quotidiano para que as crianças percebam "o sentido global" e "detalhes relevantes" do que lêem. A recomendação consta do estudo - "Para a avaliação do desempenho da leitura" - de Inês Sim-Sim e Fernanda Viana, apresentado ontem na Conferência do PNL.
No 4º ano os textos já devem oscilar entre as 250 e 700 palavras e no 6º os alunos já devem ler obras integrais e conseguir interpretá-las.
As duas investigadoras da Escola Superior de Educação de Lisboa apontam no estudo lacunas nos actuais métodos de ensino, nomeadamente, ao nível dos instrumentos de avaliação que são escassos, referem, no 2º ciclo, particularmente. O objectivo, propõem, é a criação de um instrumento que permita a avaliação das capacidades dos alunos em três fases cruciais do seu desenvolvimento 2º, 4º e 6º anos. O estudo aponta para a criação de um banco nacional de itens.
Durante este ano, o PNL também apoiou a realização de outros quatro estudos sobre a promoção, desenvolvimento e avaliação dos hábitos de leitura, em contexto nacional e internacional."


"Leituras nas aulas já são uma rotina

Setenta por cento dos professores "terão notado progressos, pelo menos parciais, dos alunos no domínio da leitura" com a introdução das iniciativas do PNL. É, pelo menos esse o resultado de um inquérito, coordenado por António Firmino da Costa, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) de "Avaliação externa do PNL" e que hoje será apresentado, no último dia de trabalhos da Conferência, na Gulbenkian.
O questionário dirigiu-se a todas as escolas registadas no PNL (1400) mas destas só responderam cerca de 35%. O balanço feito ao primeiro ano do plano é "claramente positivo" e os números comprovam a satisfação 83% das escolas consideram que o PNL reforçou as suas actividades de promoção de leitura. Por exemplo, em 95% de todas as turmas dos estabelecimentos inquiridos tornou-se rotina as leituras na sala de aula. As principais dificuldades apontadas pelos docentes foram "o tempo e os recursos disponíveis" referidos como "escassos" por 77% das escolas.
Desde o início do PNL, 676 escolas receberam reforço de orçamento para aquisição de livros - um esforço de quase um milhão e meio de euros custeado pela tutela e pela Gulbenkian."

Ainda I Conferência PNL... no "Público"

"[...] O investimento foi anunciado pelo primeiro-ministro José Sócrates: até ao final do ano lectivo, todas as escolas do ensino básico estarão integradas na rede de bibliotecas escolares, o que implica um investimento de cinco milhões de euros, noticia a Lusa.
O Ministério da Educação vai investir 1,5 milhões de euros no apetrechamento de bibliotecas com livros, e as autarquias investirão outros 1,5 milhões de euros com o mesmo fim. A rede de bibliotecas nas escolas básicas vai ser concluída com a construção de 130 novos espaços e em 17 secundárias serão renovadas as bibliotecas. Nos últimos dez anos, foram criadas 1880 bibliotecas, 847 no 1.º ciclo e 1033 nos restantes, tendo sido investidos 33,5 milhões em recurso técnicos e docentes.
Maria de Lurdes Rodrigues elogiou o trabalho do Gabinete de Bibliotecas Escolares, com poucos recursos humanos e sob a "liderança segura" de Teresa Calçada, desde que foi criado, há dez anos. "Dou os parabéns à coordenadora, mas também ao ministro da Educação de então [Marçal Grilo] e aos seguintes, que foram respondendo pela política educativa".
Para José Sócrates, as bibliotecas "favorecem o acesso de todos aos livros e à leitura, a escola fica mais completa e serve melhor os alunos e, se forem organizadas segundo um padrão nacional, reduzem as desigualdades e as assimetrias".
Bibliotecas em meio rural
Fazendo referência a um dos estudos que serão hoje apresentados, Isabel Alçada, comissária do Plano Nacional de Leitura, diz que as bibliotecas escolares têm maior importância nos meios rurais, provavelmente porque nos urbanos há mais recursos. Contudo, segundo o inquérito aos Hábitos de Leitura da População Escolar, a importância da biblioteca escolar vai diminuindo à medida que os alunos vão crescendo em idade e exigências de leitura.
Os estudantes vão à biblioteca para procurar livros, mas o seu número diminui drasticamnente do 2.º ciclo para o secundário, onde apenas 12 por cento dizem recorrer àquele espaço para esse efeito. A biblioteca serve também para preparar trabalhos escolares. Para isso, é procurada por 35 por cento dos alunos do 2.º ciclo, 23 por cento do 3.º e 21 por cento do secundário. Em sentido contrário sobe o uso da Internet, que é mais procurada pelos do secundário (22 por cento).
Também o estudo A Leitura em Portugal, coordenado por Maria de Lourdes Lima dos Santos, do Observatório das Actividades Culturais, sobre os hábitos de leitura dos portugueses, se debruça sobre o uso da biblioteca. No universo de 2552 inquiridos, foi criada uma subamostra de 737 pais e encarregados de educação que dizem que, em 36,5 por cento dos casos, os seus filhos nunca frequentaram a biblioteca escolar e 50,6 nunca foram à biblioteca municipal. Porque não o fazem? Porque têm outras maneiras de aceder aos livros, respondem.
No entanto, os que frequentam consideram que a biblioteca pode estimular a leitura dos filhos de várias formas porque tem uma selecção adequada de livros para as suas idades, oferece condições para desenvolver trabalhos escolares e tem um ambiente atractivo.
No entender de Isabel Alçada, ainda há muito trabalho a fazer, porque "a leitura não é só para a escola, mas é essencial para a vida", conclui a coordenadora do PNL.
4,7%
Quase cinco por cento de não leitores, quase quatro quintos dos não leitores de livros e jornais lêem... contas e recibos."


Estudantes crescem e tornam-se leitores menos entusiasmados


23.10.2007

Gostam de ler. Não o fazem só por obrigação escolar, mas porque gostam de livros de aventuras, banda desenhada... E romances, dizem os mais velhos. As raparigas parecem gostar mais do que os rapazes, para quem a leitura é um aborrecimento

Ao contrário do que diz o senso comum, os estudantes não são tão maus leitores quanto isso. Lêem, gostam de ler e não lêem pouco, diz o estudo sobre os Hábitos de Leitura da População Escolar, coordenado por Mário Lages, da Universidade Católica Portuguesa, que é hoje apresentado na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
É no 2.º ciclo, quando os estudantes estão no 5.º e no 6.º anos, que aparentam ser leitores mais entusiasmados. Lêem livros juvenis, de aventuras, banda desenhada, mas gostam menos de romances. São os mais velhos, os alunos do secundário, quem dedica mais tempo a este género literário.
Se, no 2.º ciclo, nove em cada dez alunos dizem que gostam de ler, no secundário apenas três em cada dez confessam "gostar muito", revela o inquérito do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Católica. A análise foi feita com base em cinco inquéritos realizados a cerca de 24 mil alunos do 1.º ao 12.º anos, em Portugal continental, no final de 2006 e princípio de 2007.
"É nos primeiros anos que se formam atitudes e comportamentos face à leitura, os quais irão condicionar em grande medida o futuro gosto de ler", escreve-se no capítulo das conclusões. E embora, nos primeiros anos, além da leitura, as crianças tenham outras actividades muito diversificadas que combinam o físico e o intelectual, o que se observa é que, 61 por cento dos meninos dos 3.º e 4.º anos confessam que "gostam muito" de ler. É no 2.º ciclo, quando já sabem ler bem e compreender o que está escrito, que os alunos se entusiasmam com a leitura: 90 por cento diz "gostar muito ou assim-assim de ler" - é a percentagem mais elevada dos quatro níveis de ensino. Apenas quatro por cento não dedicam nenhum tempo diário à leitura de livros não escolares, jornais ou revistas. Os pré-adolescentes manifestam uma atitude positiva e associam à leitura conceitos como "imaginação, aprendizagem, diversão, prazer e utilidade".
Contudo, estes dados são vistos com alguma precaução pela equipa de Mário Lages, que considera as respostas dos alunos um pouco inflacionadas. "Estes alunos já entendem qual o papel do inquirido e o que dele é esperado", justifica. No entanto, cabe à família, à escola e ao grupo de pares não deixar esmorecer o entusiasmo que sentem por um "novo mundo", recomenda o estudo.
Chegados ao 3.º ciclo, os valores caem: há 29 por cento dos inquiridos que dizem "gostar pouco ou nada de ler". Quase 3/4 não leram outros livros que não os escolares, mais de metade não tinha lido sequer os escolares e cerca de um terço não leu jornais ou revistas, no último ano. E o desinteresse vai crescendo à medida que passam de ano, ou seja, é maior no 9.º do que no 7.º ano.
No caso do ensino secundário, verifica-se um movimento inverso: o gosto cresce quase exponencialmente dos que desejam ficar pelo 12.º ano até aos que pretendem chegar ao doutoramento, revela o inquérito. Portanto, são estes últimos que mais gostam de ler. No secundário, 29 por cento dizem que "gostam muito" de ler e, entre estes, há cinco por cento que se confessam viciados na leitura.
Em todos os ciclos, as raparigas revelam-se mais interessadas na leitura do que os rapazes e despendem mais tempo com esta actividade. Para elas, ler está a associado ao desejo de conhecer coisas novas, de aprender e de se divertir; para eles, é um aborrecimento, fazem-no com esforço, por dever e consideram que é uma inutilidade.
As crianças e jovens gostam de falar sobre o que lêem com a mãe (46 por cento), um amigo (41 por cento), os irmãos (26 por cento), o pai (25 por cento), o professor (oito por cento) e o bibliotecário (2 por cento). A intervenção da família revela-se importante. O estudo mostra que são os pais com maior escolaridade que inculcam o gosto e o hábito de leitura aos mais novos.
Dois em cada três estudantes diz ter entre 20 a 100 títulos e apenas nove por cento referem ter mais de 500 livros. O estudo aponta que o não gostar de ler resulta de uma ausência de livros em casa, mas também de incentivo, de utilização de espaços de leitura e troca de livros.
Os professores têm um papel importante, sobretudo junto dos alunos de famílias com menos recursos e nos meios rurais, "possivelmente" onde há menor oferta cultural. B.W."


Plano Nacional de Leitura "globalmente positivo"

23.10.2007

O balanço do Plano Nacional de Leitura (PNL) é "globalmente positivo", sobretudo no que diz respeito à adesão das escolas e autarquias. Todos os actores envolvidos são da opinião que o projecto deve continuar, apontam os resultados da Avaliação Externa do PNL, feita pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (CIES/ISCTE), coordenado por António Firmino da Costa. O estudo é hoje apresentado na Gulbenkian, em Lisboa.
A adesão das escolas ao PNL é positiva: 7500 (incluindo jardins-de-infância e escolas de 1.º e 2.º ciclos), o que corresponde a um milhão de crianças envolvidas. Também as bibliotecas públicas estão a trabalha projectos de promoção da leitura. Do ponto de vista financeiro, 676 escolas receberam reforço de orçamento para comprar livros para ler na sala de aula, num valor de cerca de um milhão e meio de euros. Cerca de 150 autarquias estabeleceram protocolos para apoio das escolas dos seus concelhos.
O CIES/ISCTE fez um inquérito a que responderam mais de 35 por cento das escolas. Para 83 por cento das inquiridas, o PNL é positivo para reforçar a promoção da leitura, nomeadamente na sala de aula.
A adesão dos alunos às actividades é avaliada como "forte ou muito forte" nos vários níveis de ensino. No inquérito, as escolas respondem que as actividades foram "muito favoráveis" ao incremento de práticas de leitura dos alunos, do seu interesse e das suas competências. Em cerca de 70 por cento, os professores terão notado progressos "parciais" dos alunos no domínio da leitura.
Mas os inquiridos também enunciam dificuldades. A saber: o tempo e os recursos disponíveis, que são considerados por 77 por cento das escolas como escassos. O CIES/ISCTE fez ainda estudos de caso em 17 escolas, 14 bibliotecas escolares, sete públicas e oito câmaras municipais. Nestes, os aspectos menos positivos que apontam são os atrasos na comunicação de iniciativas, críticas às listas de livros e a não inclusão de algumas escolas nos apoios financeiros.
E como é que o público em geral acompanha o PNL? Mais de metade dos inquiridos com ensino superior já ouviu falar (53 por cento), mas, à medida que a escolaridade diminui, decresce o número dos sabem o que é. Apesar disso, a opinião é unânime: um plano destes é "importante, ou mesmo muito importante, para desenvolver os hábitos e as capacidades de leitura dos portugueses". B.W.
77%
A maioria das escolas inquiridas (77 por cento) considera escasso o tempo e os recursos disponíveis para aplicar o PNL "

2007/10/22

PNL

"[...]

Os ecos da avaliação externa do PNL são "positivos", declara Isabel Alçada, comissária do Plano Nacional de Leitura, um programa tutelado pelos ministérios da Educação, da Cultura e dos Assuntos Parlamentares. "A avaliação é francamente positiva, mas temos de melhorar a comunicação com as escolas e bibliotecas. Temos de trabalhar mais em conjunto e numa comunicação em tempo real", admite.
Desde o início do PNL, que se tem procurado trabalhar com base numa "rede sólida de análise dos projectos", ou seja, a comissão partiu da premissa que os portugueses lêem pouco e procurou "identificar o que já tinha sido estudado e avaliado e aplicar projectos que já tivessem dado resultados seguros", conta Isabel Alçada, professora do ensino superior e autora de livros para um público infantil e juvenil.
Os resultados mais visíveis do PNL foram o "envolvimento" de professores e famílias, mas também de outros parceiros como as autarquias e as fundações. "Há um ambiente social muito receptivo à ideia da leitura", analisa.
O público-alvo do PNL "são todos os cidadãos portugueses", mas o plano tem privilegiado os estudantes, sobretudo os mais novos. "Quanto mais cedo adquirirem competências de leitura, maior é a eficácia nas suas vidas, porque ler não é só para a escola, mas para toda a vida", diz Isabel Alçada.
Uma das faces mais visíveis do PNL são as listas de livros para cada idade e os selos com o logótipo "Ler +" colados nas capas dos livros. A escolha das obras, que estão nas listas, disponíveis na Internet, é feita por uma comissão que analisa se os livros contêm erros e indicam títulos que possam ter interesse para cada ano de escolaridade e com diferentes graus de dificuldade.
O PNL apoia financeiramente as escolas na compra dos livros, mas não indica quais os que devem ser comprados. "O professor trabalha melhor com os livros que o encantam. Somos contra cânones ou imposições, mas damos os instrumentos de apoio", afirma a comissária.
Até agora, o PNL tem-se revelado um programa "económico", pois tem tido diversos apoios, congratula-se Isabel Alçada. A próxima aposta é no firmar acordos com organizações da sociedade civil que promovam o voluntariado. "Gostaríamos que na área da leitura surgissem projectos, por exemplo, de tutoria de leitura ou de acompanhamento de grupos de crianças nas bibliotecas por voluntários, como acontece noutros países", sugere.
Através da avaliação já feita é possível afirmar que "houve uma evolução", mas ainda há muito caminho a percorrer. "Nos próximos dez anos temos de continuar a avançar o mais rápido que nos for possível", conclui.

Livros nos consultórios

O médico que prescreve leitura a partir dos seis meses

Os livros de cartão, de pano e de espuma estão no mesmo armário onde se guardam as espátulas, o termómetro e outros objectos médicos necessários à consulta. É que os livros também são "instrumentos de trabalho", explica o médico de família Rizério Salgado. E são prescritos desde os seis meses.
Brevemente, a Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG) vai assinar um protocolo com o Plano Nacional de Leitura (PNL) para que mais profissionais de saúde possam recomendar a leitura aos seus pacientes, antes mesmo de chegarem ao pré-escolar. Para Rizério Salgado, do núcleo de saúde infantil da APMCG, os médicos de família são os profissionais "mais bem posicionados para promover a saúde e o livro é um instrumento que lhes permite fazer bem o que de melhor sabem fazer, que é prevenir a doença", defende.Com o acordo com o PNL, a associação chega a um público que não está ainda coberto, o dos seis meses aos três anos de idade. O projecto da APMCG consiste em fazer formação para médicos, dar informação aos pais e pôr livros nos centros de saúde.
No seu trabalho, Rizério Salgado tem tido a preocupação de promover o livro junto dos pais. O médico não quer pôr as crianças a ler aos seis meses, mas defende que estas devem saber pegar num livro e usá-lo como o boneco ou o brinquedo de que mais gostam. "O livro como objecto de afecto, que faz parte do quotidiano e que se aprende a utilizar como se aprende a vestir ou a usar os talheres", explica.
O médico de família olha para o livro como um "cuidado antecipatório" que vai ajudar na adesão à escolaridade e no reforço da aprendizagem, mas também na relação entre a criança e o adulto. Por exemplo, quando está perante uma família com "pais mais esquecidos das crianças" prescreve 15 minutos de leitura por dia.
Além disso, o livro permite falar de temas traumáticos como a doença, o divórcio, a discriminação ou a morte e podem ser usados como "terapia de prevenção de uma crise".
A investigação médica, sobretudo norte-americana e inglesa, prova que a leitura faz bem à saúde. Aliás, que a educação faz bem, pois quanto maior a escolaridade, maior a probabilidade de sobrevivência. "Na promoção da leitura precoce estamos a estimular a saúde futura de toda a gente", conclui Rizério Salgado. B.W."

2007/10/18

13os Encontros Luso-Galaico-Franceses do Livro Infantil e Juvenil

Porto, Biblioteca Municipal de Almeida Garrett, 15-17 de Novembro de 2007

Do livro à cena

Conferências e debates | Ateliers/encontros para o público adulto

Exposições – venda de livros | Ateliers/encontros/espectáculos para o público infantil

15 de Novembro (5ª feira)

Recepção aos participantes
Abertura oficial (com apresentação do cd-rom relativo aos 12os Encontros)

Intervalo

10:30Panorâmicas da literatura dramática galega, portuguesa e francesa
Blanca-Ana Roig Rechou (Rede LIJMI / Univ. de Santiago de Compostela)
Ana Margarida Ramos (Rede LIJMI / Univ. de Aveiro), José António Gomes
(Rede LIJMI / ESE do Porto) e Sara Reis da Silva (Rede LIJMI / Univ. do
Minho)

Hermes Salceda Rodríguez (Univ. de Vigo)
12:00Inauguração das exposições bibliográficas (literatura dramática portuguesa, galega e francesa) e de ilustrações (Inês Oliveira – Portugal; e Óscar Villán – Galiza)

Almoço

14:00 – Ateliers
Teatro escolar no Ensino Primário – Chus Pereiro (Galiza)
Da escrita literária ao teatro – Catarina Lacerda (Teatro do Frio -Portugal)
Do livro à cena – Adelina Carvalho (Portugal)
16:00Manuel António Pina e a experiência de escrita teatral em primeira pessoa
Manuel António Pina (Portugal)
Sara Reis da Silva (Portugal)

17:00Apresentação de livros
A Ninfa do Atlântico de Maria José Meireles, ilustrações de Evelina Oliveira; História de Alberto de Emília Nóvoa, ilustrações de Fedra Santos (Campo das Letras)
Boas Noites – Paula Carballeira (Edicións Xerais de Galicia)

18:15História de um segredo de Álvaro Magalhães, encenação de João Luiz pelo Teatro Pé de Vento

16 de Novembro (6ª feira)

9:30Teatro para a Infância e a Juventude e Representação
Grupo Garfo –
Carlos Labraña e Ánxela Gracián (Galiza)
João Paulo Seara Cardoso (Teatro de Marionetas do Porto)
Karin Serres (escritora e encenadora - França)
Intervalo

11:15Escrita para Teatro e Representação no contexto galego
Euloxio Ruibal e Cândido Pazó (Galiza)
Apresentação da Programação de Teatro Infantil do Centro Dramático
Galego

Cristina Domínguez (Galiza)
Almoço

14:00 – Ateliers
Teatro escolar no Ensino Primário – Chus Pereiro (Galiza)
Mediador da leitura – procura-se! – Cristina Taquelim (Portugal)
Do livro à cena – Adelina Carvalho (Portugal)

16:00Apresentação do Guia Didáctico elaborado a partir de As laranxas máis laranxas de todas as laranxas, de Carlos Casares Mouriño por Pilar Sampedro (autora) e Óscar Villán (ilustrador) (Galiza)
16:30Álvaro Magalhães e a experiência da escrita teatral em primeira pessoa

Álvaro Magalhães (Portugal)
José António Gomes
18:00Sessão de Conta Contos
Paula Carballeira e Cândido Pazo (Galiza) e Cristina Taquelim (Portugal)

17 de Novembro (sábado)

9:30
As formas de Teatro para a Infância e Juventude e as realidades dos diferentes espaços linguísticos
José Caldas (Portugal)
João Luiz (Companhia Pé de Vento, Portugal)
Euloxio Ruibal (Galiza)

11:15A realidade do teatro escolar
Miguel Vázquez Freire (Galiza)

Francisco Beja (ESMAE / Portugal)
Intervalo

12:00 – Apresentação de O Segredo Maior (poemas musicados), de João Lóio, pelo Grupo Vocal Canto Décimo, direcção de Guilhermino Monteiro

Encerramento

ENCONTROS/ATELIERS E ESPECTÀCULOS PARA CRIANÇAS

Equipa de animação da BMAG e BPMP

15 de Novembro (5ªfeira)

10:30

Equipa de animação da BMAG

Teatro de fantoches “Corre, corre cabacinha” conto tradicional recontado por Eva Mejuto

14:00

Óscar Villán (Galiza)

Como ilustrar um livro para crianças

16 de Novembro (6ªfeira)

10:30

Equipa de animação da BPMP

Teatro de sombras” O sapo encontra um amigo” de Max Velthuijs pel

Eric Many (França)

14:00

Em torno do álbum “Hipólito, o Filantropo”


Organização

APPLIJ – Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil
Gálix – Asociación Galega do Libro Infantil e Xuvenil | LIJMI – Rede Temática de Literatura Infantil e Juvenil do Marco Ibérico | Consulado Geral da França

Apoios

Câmara Municipal do Porto – Biblioteca Almeida Garrett | Editora Campo das Letras | Ministério da Cultura – Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas | Casa da Leitura (Fund. C. Gulbenkian) | Conselleria de Cultura da Xunta de Galicia | Edicións Xerais de Galicia | ELOS – Associação Galego-Portuguesa de Investigação em Literatura Infantil e Juvenil | Caixanova | Livraria Index

FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome______________________________________________________________

Profissão___________________________________________________________

Local de trabalho_____________________________________________________

Endereço___________________________________________________________

Telefone_________________ e mail_________________ fax__________________

Valor da inscrição: 25 Euros (cheque passado à Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil)

Informações: a.c. Helena Silva (Bibliot. Municipal Almeida Garrett; telef. nº 226081000)
Para inscrições nas actividades dirigidas a crianças, contactar
Carla Fernandes, telef. nº 226081000.

Imprimir esta ficha, preenchê-la e remeter, com cheque, para:

13os Encontros Luso-Galaicos do Livro Infantil e Juvenil
Biblioteca Municipal Almeida Garrett
a.c.
Helena Silva
Rua de Entrequintas
4050 Porto

2007/06/20

Aniversário de Matilde Rosa Araújo

Programa

I PARTE
NA BIBLIOTECA
16H00 – Sessão de Abertura
Boas Vindas - Filipe Baptista, Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Marquês de Pombal
O Melhor do Mundo são as Crianças - Maria do Carmo Vieira, Membro do Conselho de Coordenação do Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz
Viver a Poesia -Helena Cidade Moura, Presidente do Núcleo de Investigação - Acção da Civitas - Associação para a Defesa e Promoção dos Direitos dos Cidadãos
A Criança e a Música - Paula Coimbra, Professora de Canto Coral da Academia de Música de Lisboa
16H10 Poemas e Contos de Matilde – Reacção Afectiva e Estética das Crianças
Figuinho da Capa Rota e Caixinha de Música – canções que integram o CD Loik (1996)- Coro de Pequenos Cantores da Academia de Música
Apresentação de canções tradicionais e poemas de Matilde - alunos do 1º ano da Cooperativa A Torre
Leitura de poemas inspirados em poemas da Matilde--alunos do 2ºano da Cooperativa A Torre
Excertos floridos na obra de Matilde - alunos do 3ºano da Cooperativa A Torre
Ilustração de Contos da Matilde – alunos do 4ºano da Cooperativa A Torre
Poema da Matilde cantado por todas as crianças presentes - Cooperativa A Torre)

16H45 Objectos Evocativos do Universo de Matilde

Inauguração de uma exposição de objectos pessoais da escritora Matilde Rosa Araújo e de desencadeadores ou resultados de leituras da sua obra - Cristina Viçoso, Presidente da Assembleia de Escola
Doce (s) ( e) despedida das crianças
Parabéns a Matilde - Alunos da Classe de Violino da Academia de Música de Lisboa

IIPARTE

NA BIBLIOTECA
17H15- Reflexos de Matilde

Capuchinho na Escola - Maria Alda Bacelar de Begonha, ex-aluna

Poesia no exame? -Maria de Fátima Ventura, ex-examinanda

Acompanhar Matilde - Vanda Pinto de Almeida, ex-aluna e amiga

As Fadas foram à Escola - Maria Augusta Seabra Diniz, ex-colega e amiga

O Verão é o Tempo já Grande - Maria Isabel César Anjo , escritora e amiga

Ilustrar Matilde - Maria Keil, pintora e amiga

Lições de Matilde - António Torrado, escritor e amigo

Todas as Crianças - Manuela Eanes, Presidente do Instituto de Apoio à Criança e amiga)

17H45 – Traços autobiográficos

Matilde Rosa Araújo responde à curiosidade dos convidados


III PARTE

NO CENTRO DE ESTUDOS

18H00- Descerramento de uma placa evocativa, na Sala Matilde Rosa Araújo do Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz

18H15- Tertúlia Era Uma Vez:Literatura para Crianças e Jovens na Escola: um difícil percurso -Maria da Conceição Rolo, membro do Conselho de Coordenação do Centro de Estudos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz

19H00 Sessão de Encerramento

Manuela Malhoa, membro do Conselho de Coordenação do Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz


Notas:

1- A participação na I Parte da sessão do dia 20 é reservada às 130 crianças intervenientes, aos seus responsáveis, aos familiares de Matilde, e aos colaboradores voluntários do Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz.

2- A Exposição Universos de Matilde estará patente de 20 a 29 de Junho, (dentro do horário de funcionamento da Escola anfitriã e do Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz), e poderá ser visitada mediante inscrição.

Contactos/Secretariado

Centro de Estudos e Recursos de Literatura & Literacia Eça de Queiroz/

Escola Secundária Marquês de Pombal, Rua Alexandre de Sá Pinto Lisboa

Tel: 213643339 (09h30-12h30)

Fax: 213621744

E-mail: cerlit@sapo.pt

2007/01/16

Alberto Manguel em entrevista ao "El Pais"

"Leer será en el futuro un acto de rebeldía"

MARÍA LUISA BLANCO - Mondion - 13/01/2007

Autor de Una historia de la lectura (Lumen), libro que marcó un hito en el universo lector, toda la obra de Alberto Manguel (Buenos Aires, 1948) no ha hecho más que recrear el mundo del libro y de los grandes autores que lo protagonizan. En los próximos días publicará La librería de noche (Alianza), un recorrido por las grandes bibliotecas del mundo: desde la legendaria Biblioteca de Alejandría fundada por los ptolomeos en el siglo III antes de Cristo, hasta las bibliotecas de las que disfrutamos en la actualidad, para recalar, finalmente, en la figura de la biblioteca como hogar, ese lugar al que siempre se vuelve.

El amor por el libro nació en Manguel de forma espontánea y muy pronto, según recuerda: "Yo era un pequeño adulto, me crió mi nodriza, con la que aprendí el inglés y el alemán, mis dos lenguas maternas, y ella, que no tenía muy claro lo que era un niño, ponía libros a mi disposición y una vez a la semana me llevaba a comprar uno. Pero el apasionamiento por ellos era cosa mía, enseguida reconocí que los libros eran una forma de abrirme al mundo. Pasé la infancia de país en país, y volver cada noche a mis libros era una forma de volver a lo conocido". Hijo de diplomáticos, fue seguramente durante esa infancia errante cuando se gestó lo que hoy es un sueño cumplido: la construcción de un edificio que albergara su propia biblioteca.

El lugar elegido por el autor del Diccionario de lugares imaginarios se llama Le Presbytère y está situado en Mondion, un pueblecito cerca de la ciudad francesa de Poitiers, encaramado en una colina al sur del Loira. Lo que Manguel encontró en esta antigua propiedad de la Iglesia, que perdió sus posesiones después de la Revolución Francesa, era apenas un muro que la separaba de la propiedad colindante. Hoy es una magnífica nave construida en piedra arenisca, contigua a la cual está la propia vivienda del escritor que queda adosada a los muros con vidrieras de la iglesia del siglo XV. Nada más entrar se aprecia que se trata de la biblioteca de un romántico. Salpicados de detalles y complicidades personales, los anaqueles de la biblioteca se distribuyen en dos pisos. El escritor trabaja en el de arriba, asomado a una vista envidiable sobre su jardín: una amplia pradera con abedules, abetos y pinos de diferentes especies. Manguel hace notar cómo se oye el silencio. Y es cierto que en este lugar épico, en cuyo horizonte próximo se encuentran las tumbas de Leonor de Aquitania y de Ricardo Corazón de León, algo hay de esa cualidad de ultratumba.

Muy próximos a su escritorio están los libros de literatura española y portuguesa y sus libros de referencia: autores clásicos, ejemplares de libros sobre el libro, coleccionados mientras escribía su historia de la lectura, y títulos de literatura árabe. Entre las distintas ediciones del Quijote, una de 1782, que compró en una librería de viejo en Madrid, en la que destaca un curioso retrato real del imaginario narrador del Quijote Cide Hamete Benengeli. Una foto de la tumba de Borges en Ginebra, un retrato del propio Manguel realizado por Silvina Ocampo cuando él tenía 17 años y una variada colección de fotos de sus hijos y amigos completan el ambiente que rodea al escritor. El grueso de la colección de libros se encuentra, sin embargo, en el piso inferior.

Como corresponde a una biblioteca tan personalizada, la mayoría de los volúmenes tienen su propia historia. "Los cuentos de los hermanos Grimm fue el primer libro que compré", cuenta Manguel. "Aprendí a leer en Israel, donde mi padre era embajador y yo podía ir a la librería de al lado de nuestra casa y elegir los libros que quisiera. Tenía cinco o seis años cuando compré este ejemplar". Además, diversas ediciones firmadas de Juan Ramón Jiménez, todo Pérez Galdós en las ediciones de la Biblioteca Castro, las obras completas de Kippling firmadas por el autor, varias obras de Borges dedicadas, así como un libro del propio Kipling que perteneció al autor de El Aleph y que éste le regaló a los 17 años, cuando Manguel dejó Buenos Aires.

El punto de partida de su nuevo libro, La biblioteca de noche, es la pregunta por el sentido del universo, pero ¿por qué esa necesidad de encontrar un sentido?: "Los seres humanos podemos ser definidos como animales lectores. Creemos que el mundo natural hay que descifrarlo. Vivimos en esa paradoja: saber por un lado que este mundo no tiene ningún sentido y preguntarnos el porqué de las cosas". Las respuestas, a Manguel no le cabe duda, están en los libros. Por eso lamenta que hoy el libro no goce del prestigio de otro tiempo: "Las calidades que tiene la tecnología, por razones económicas, son las que nuestra sociedad pone por delante. Hace cincuenta años la biblioteca estaba en el centro de la sociedad, nadie discutía que leer era importante, pero el capitalismo salvaje actual no puede permitirse un consumidor lento. La literatura, en cambio, requiere lentitud, requiere que te detengas, que reflexiones, que nunca alcances una conclusión. Nunca puedes saber si Don Quijote está loco o no. Como sociedad tenemos que decir que el acto intelectual es importante. No puedes pedir a un adolescente que lea cuando le estás diciendo que toda actividad que no te dé una ganancia inmediata y visible es inútil. Creo que no existen seres humanos no lectores. En la sociedad actual es como si fuésemos misioneros de una religión en la que la iglesia central ya no cree".

Una de las biblioteca preferidas de Alberto Manguel es la Biblioteca Circular de Aby Warburg, en Hamburgo, a la que dedica un capítulo de su libro. Heredero de una gran fortuna, Warburg lo dejó todo en manos de su hermano con la condición de que le diera el dinero suficiente para mantener su biblioteca y comprar todos los libros que quisiera. El lema de este hombre singular era "Vive y no me hagas daño". Pero hay otras bibliotecas que a Manguel le parecen ejemplares: "La London Library, una biblioteca privada circulante que envía los libros que quieras allí donde estés y compran los libros que tú necesitas, una librería para la que los libros no son piezas de museo. Y las bibliotecas circulantes de Colombia, los biblioburros para acceder a las poblaciones perdidas de la sierra. Alguien del pueblo cuida la bolsa y luego vuelven a recogerlas al cabo del tiempo".

Los libros nunca se han llevado bien con el poder, por eso el escritor insiste en la necesidad de la lectura como elemento de protección: "La historia del libro corre paralela a la de la censura. Una de las cosas esenciales que proporciona la lectura es aprender a pensar, y no hay nada más peligroso para el poder que un pueblo pensante. La tarea del político es más fácil frente a un pueblo idiota, educarnos en la estupidez es quitarnos los libros, y eso siempre ha sido tarea de dictadores". Pero en la actualidad Manguel subraya otras formas de censura: "El editor cuya vocación era la literatura ya no puede trabajar de la misma manera porque tiene que conseguir un provecho financiero, y eso elimina el 90% de la literatura. Si Borges se presentase hoy con un nuevo libro no podría publicarlo. Ahora un editor se fija en las ventas anteriores de ese autor y si el anterior no se ha vendido, no se publica. Esta situación se complica porque ahora también son los compradores para las grandes superficies los que deciden. En el mundo anglosajón, a la mesa del editor se sienta el crítico, el gerente y ese comprador que opina sobre el libro, y si aceptan sus condiciones compra 50.000 ejemplares, que, además, puede devolver. Estamos en esa situación y las consecuencias serán catastróficas".

¿La lectura queda finalmente como un acto de rebeldía? "Siempre lo ha sido. Primero porque se valora la acción y no la inacción y porque conduce a la reflexión, y eso siempre es peligroso. Y porque a través de la lectura empezamos a conocer quiénes somos. En el futuro, leer será no sólo un acto de rebeldía, sino también un acto de supervivencia. Si como lectores nos resignamos a que nos impidan leer la buena literatura nos vamos a condenar a ser menos humanos. Es un riesgo que, por supuesto, no podemos correr. Ya estamos al borde de la catástrofe porque hemos destruido el mundo natural y ahora estamos haciendo todo lo posible para destruir el mundo intelectual. Hay que actuar ahora. Pero ahora quiere decir hoy". El lema que preside la biblioteca de Le Presbytère es "Lee lo que quieras", porque Alberto Manguel no cree que el amor a los libros se pueda enseñar: "El amor por la lectura es algo que se aprende pero no se enseña. De la misma forma que nadie puede obligarnos a enamorarnos, nadie puede obligarnos a amar un libro. Son cosas que ocurren por razones misteriosas, pero de lo que sí estoy convencido es que a cada uno de nosotros hay un libro que nos espera. En algún lugar de la biblioteca hay una página que ha sido escrita para nosotros"."