2007/10/24

Ainda I Conferência PNL... no "Jornal de Notícias" II

"[...] Escalonado pelos três ciclos do ensino básico mais o secundário, o estudo mostra que a maioria das crianças portuguesas (72%) têm uma predisposição para a leitura, mas isso não significa que leiam habitualmente.
Provado que está que se lê em casa, no quarto, na posição em que mais se gosta e sozinho, é importante que haja livros à mão desde cedo. Até porque, à medida que crescem, as crianças preferem actividades exteriores ou brincar no recreio.
A maioria dos 23.844 miúdos inquiridos - de mais de 200 escolas - que afirmaram gostar de ler realçam que lhes falta tempo. Porque dão prioridade à consola, ao computador, à televisão (97%), a ouvir música ou fazer desporto.
Quando questionados sobre o que levariam para um local ermo durante 15 dias, onde estivessem isolados dos amigos, o telemóvel surge à cabeça, seguido do computador, do leitor de CD e do leitor de MP3. Só depois surgem os livros e revistas - e uma bola.
A verdade é que seis em cada dez crianças até aos 10 anos conhecem os contos infantis pelos filmes; uma em cada dez tomou conhecimento de histórias através de canções. No 2.º ciclo, 90% das crianças admitem que gosta de ler - mesmo com a ressalva de que a resposta pode estar deturpada por parecer bem afirmar que se gosta de ler.
Entre estes amantes da leitura, dos dez aos 12 anos, a troca de livros nos aniversários, escrever no jornal da escola e participar no grupo de teatro, são práticas comuns. Não têm o hábito de emprestar livros, mas 57% costumam conversar sobre livros que os pais ou imãos já leram.

O tempo das diversões

O problema surge no 3.º ciclo em que 49% admitem que lêem de vez em quando e só 3% se assume viciado em leitura. É aqui que as diferenças de género mais se acentuam as raparigas lêem mais e durante mais horas por dia. Em contrapartida, três em cada 10 rapazes não lêem mais nada para lá dos manuais escolares.
Dos alunos do 3.º ciclo, 57% não estavam a ler nenhum livro no momento do inquérito, 18% não tinha ido uma única vez à biblioteca e mais de metade frequentaram o local para preparar trabalhos escolares ou usar a internet.
Passado o cabo da tormentas da adolescência - Alexandre Castro Caldas referiu que a explicação está na testosterona que faz os rapazes preferirem a banda desenhada e só mais tarde, os livros - 6% de raparigas e 3% de rapazes admite o vício da leitura que é associado à aprendizagem e à imaginação, e justificado pela diversão e o conhecimento de coisas novas.
Os que detestam ler, falam em tédio, esforço, inutilidade, dever e fuga. A maioria destes jovens vive em lares onde predominam livros técnicos e não gostam de ler porque, dizem, "é aborrecido, nenhum livro lhes agrada, leva muito tempo, provoca dores de cabeça e vista cansada". Contudo, lêem blogues com frequência, o que leva os peritos a aconselharem a cultura do blogue como forma de desenvolver, também, a expressão escrita. Ao Estado os autores do estudo apelaram para que sejam criados incentivos à leitura na família.

Jornais subiram em 20% o número de leitores

Em relação a 1997, os leitores de jornais cresceram 20%, 91% são homens e 76% mulheres. Tem entre 25 e 54 anos um grau de escolaridade mais baixo. Os leitores de livros são agora mais 7%, sobretudo feminino (64%) face aos 49% de público masculino. Há mais 9% de pessoas que lêem.

Leitor português não é jovem nem estudante

O leitor português tem, na sua maioria, entre 35 a 54 anos, é trabalhador na categoria de empregado executante, e tem até ao 2º ciclo do básico ou o ensino secundário.

Autores portugueses entre os preferidos

Dos 2552 inquiridos, 48% disse ser nacional o autor do livro que lhe fez despertar o gosto pela leitura. Os livros infantis e juvenis representam a maior fatia (49,6%) à frente dos romances (18,1%), dos livros escolares (7,5%) e da Banda Desenhada (6,4%).

Livros lêem-se em casa e os jornais nos cafés

Os livros lêem-se em casa (96%), tal como os jornais (61%) que também são lidos nos cafés e restaurantes (62%) ou no local de trabalho (23%).

Portugueses não gostam de frequentar bibliotecas

Foram 47,2% os inquiridos que disseram não gostar de ir a bibliotecas e 21,7% indicou outros motivos, como falta de tempo e não precisar."


"Metade não comprou um livro no último ano

Mais de metade (51,4%) dos 2.552 inquiridos do estudo "A leitura em Portugal", que foi ontem apresentado, não comprou um livro, sem ser profissional ou escolar, no último ano; 32% referem ter adquirido no máximo cinco.
Quanto aos géneros mais lidos, 81,5% dizem ter enciclopédias e dicionários em casa, seguidos de livros escolares, de culinária e bricolage, na ordem dos 60%. Depois surgem os romances de amor, de grandes autores contemporâneos e banda desenhada, com 50%.
Quanto a outras actividades de lazer, 98% prefere ver televisão, 71% ouve rádio diariamente, mas 65% diz nunca se ter divertido com jogos electrónicos.
Abissal é a diferença entre os 31% que diariamente utilizam a Internet e os 57% que nunca a usam, nem sequer para jogar. Os que a procuram, em 86% dos casos é para ler jornais. Estes são o suporte papel mais lido, com preferência para os diários generalistas (67%). Nos jornais, os problemas de ordem social são a temática mais lida (69%), seguindo-se os textos de desporto e as crónicas.
Nos gostos musicais, a música ligeira está na dianteira com 63%, sendo de assinalar, em relação a 1997, o salto de 1% para 43% na audição de música brasileira.
Na ida a espectáculos, os resultados são desastrosos 81,9% nunca foram a um concerto de música erudita; 72, 7% nunca viram uma performance de dança; 64,5% nunca foram ao teatro; 59,7% nunca foram a um museu; e 59,7% nunca visitaram monumentos ou locais arqueológicos. Nos restantes dados, 80% não faz qualquer actividade: desportiva, artística, musical, escrita, cinema ou simplesmente ter um blogue na internet."

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